Texto Áureo
"Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue outro evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema". Gl 1.8
Verdade Aplicada
Deus, por meio de Paulo, demonstrou que é preciso suportar as tribulações e repudiar as heresias.
Objetivos da Lição
Despertar para a necessidade de uma vigilância doutrinária;
Identificar os erros doutrinários dos Gálatas;
Demonstrar a atualidade dos ensinos paulinos aos Gálatas.
Texto de Referência
Gl 1.6 Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho;
Gl 1.7 O qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo;
Gl 1.8 Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema;
Gl 1.9 Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá alem daquele que recebestes, seja anátema;
Gl 1.10 Porventura, procuro eu, agora, o favor dos homens ou o de Deus? Ou procuro agradar a homens? Se agradasse ainda á homens, não seria servo de Cristo;
Gl 1.11 Faço-vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é segundo o homem;
Gl 1.12 Porque eu não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo.
Gálatas é o grito de liberdade contra toda a forma de legalismo religioso, consoante a doutrina da justificação pela fé sem as obras da lei.
O estudo da epístola aos Gálatas é a oportunidade que todos os crentes têm de se aprofundar nos fundamentos do cristianismo. Precisamos compreender inteiramente a salvação pela graça e a liberdade espiritual que temos em Cristo. Por isso, nesta aula, vamos aprender a importância de se valorizar a liberdade conquistada por Cristo. Se tivéssemos que cumprir a lei cabalmente, estaríamos perdidos, pois ao menor desvio nos exporíamos ao castigo. Temos que nos conscientizar do perigo que correm aqueles que deixam suas igrejas para se unirem a inovações de doutrinas estabelecidas e difundidas por pessoas desautorizadas por Deus e até mesmo com interesses escusos, como foi o caso dos judaizantes entre as igrejas da Galácia.
Esta introdução mostra que a epístola aos Gálatas foi escrita para salvar o cristianismo do legalismo judaico, o qual, na atualidade, representa o legalismo religioso. Em qualquer época há sempre o risco de alguém, ou de um segmento da Igreja se inclinar para este problema. Paulo, em sua primeira viagem missionária junto com Barnabé, fundou igrejas entre os gentios nas cidades de Listra, Derbe, Icônio e Antioquia da Pisídia, região da Galácia. Por causa da Diáspora, havia muitos judeus espalhados por essa região, os quais também aceitaram o evangelho. Todavia, esses convertidos ao cristianismo queriam impor aos crentes gentios as práticas judaicas como condição para a salvação. Com isso, a situação das igrejas da Galácia ficou crítica, colocando em risco não só a fé desses irmãos e a autoridade apostólica de Paulo, mas principalmente o futuro do cristianismo. Acrescentar, pois, algo mais à salvação, descaracteriza totalmente o autêntico cristianismo revelado no Novo Testamento.
A epístola aos Gálatas foi escrita para salvar o cristianismo do legalismo judaico. Apesar de ser uma das mais breves epístolas do apóstolo Paulo, tem exercido grande influência na vida da Igreja. Seu assunto continua atual, pois em qualquer época há sempre o risco de alguém, ou de um segmento da Igreja se inclinar para o legalismo religioso.
As duas primeiras viagens do Apostolo Paulo
1. Igrejas da primeira viagem de Paulo.
É muito importante conhecer a origem das igrejas da Galácia, pois isso ajuda a compreender a epístola aos Gálatas. Essas igrejas foram fundadas por Paulo e Barnabé. A primeira viagem missionária de Paulo começou em 46 e terminou em 48 d.C. e ocupa os capítulos 13 e 14 de Atos. Atravessando a ilha de Chipre, terra natal de Barnabé (At 4.36), foram para o continente passando por Perge, cidade da Panfília, e depois para Antioquia da Psídia.
2. As cidades da Galácia.
Expulsos da cidade da Antioquia da Pisídia, Paulo e Barnabé partiram para Icônio. Como as hostilidades eram as mesmas da cidade anterior, e havendo motim tanto dos judeus como dos gentios, foram para a região da Licaônia, fundando igrejas nas cidades de Listra e Derbe. De onde retornam para Antioquia da Síria, visitando e conclamando as igrejas em Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia (14.22) e estabelecendo pastores nativos para cada uma dessas igrejas (14.23).
3. O concilio de Jerusalém.
À luz de Atos 14.27 - 15.2, o concilio de Jerusalém aconteceu depois dessa viagem em virtude do grande número de gentios convertidos e a intensa controvérsia sobre a "maneira de viver" desses novos crentes. Havia judeus convertidos ao cristianismo que queriam impor aos gentios as práticas judaicas como condição para a salvação. Depois desse concilio o apóstolo Paulo inicia sua segunda viagem com dois propósitos fundamentais: revisitar as igrejas que ele fundara, juntamente com Barnabé na sua primeira viagem e abrir novas frentes de trabalho.
4. A segunda viagem de Paulo.
Partiu com Silas seguindo direto para Derbe, Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia, para fortalecer as igrejas. Em Listra conheceu Timóteo, que passou a integrar a comitiva do apóstolo acompanhando-o em sua viagem. Depois disso foram para Trôade "passando pela Frígia e pela província da Galácia" ou "região frígio-gálata" (Versão Almeida Atualizada) — região norte da Galácia, (At 16.6).
Os Gálatas
1. Origem dos gálatas.
O nome "Galácia" deriva dos gauleses, povo que invadiu a Ásia Menor no séc. III a.C, também chamado de povo celta pelos escritores clássicos da Antigüidade. O termo "Galácia" foi aplicado a esse povo por volta do séc. III a.C., foi adotado pelos gregos e, aos poucos, foi se generalizando. Os gálatas estabeleceram seu reino na região de Péssina, Távia, Ancira — atual Ankara, capital da Turquia, que corresponde à região frígio-gálata, mencionada em Atos 16.6; 18.23.
2. A Galácia dos dias do apóstolo Paulo.
Na época do ministério do apóstolo Paulo a Galácia não era apenas a terra dos gauleses ou celtas. Abrangia também a região de Antioquia da Pisídia, Listra, Icônio e Derbe, na Licaônia, cidades que formam o que chamamos hoje de Galácia do Sul. A Galácia do Norte é a região mencionada em Atos 16.6; 18.23. De modo que toda aquela região era chamada de Galácia.
3. Quem são os destinatários da epístola?
A dificuldade que muitos acham é saber se o apóstolo enviou essa epístola para as igrejas da Galácia do Norte ou para a Galácia do Sul, visto que ele apenas diz: "às igrejas da Galácia" (Gl 1.2). As duas linhas de interpretação apresentam argumentos consistentes mas nenhum deles é decisivo.
Por que a Galácia do Sul? Os argumentos em favor da Galácia do Sul nos parecem mais convincentes. O Novo Testamento não registra nenhuma atividade de Paulo e sua comitiva na Galácia do Norte. O texto apenas diz: "e passando pela Frígia e pela província da Galácia" (At 16.6) e "passando sucessivamente pela província da Galácia e da Frígia"(At 18.23). Não está, pois, declarado que Paulo fundou igrejas nessas regiões. Não há qualquer citação referente à Galácia do Norte.
Autoria e Data
1. Paulo, o autor de Gálatas.
O apóstolo Paulo tinha amanuenses; Tércio era um deles (Rm 16.22), enquanto Silvano foi o do apóstolo Pedro (1 Pe 5.12); como no Antigo Testamento, Baruque foi escriba do profeta Jeremias (Jr 36.4). A maioria das cartas de Paulo foi escrita por seus amanuenses ou escribas. Como a situação das igrejas da Galácia era crítica, estava em jogo não só a fé desses irmãos e nem apenas a autoridade apostólica de Paulo, mas principalmente o futuro do cristianismo. Ele mesmo escreveu de seu próprio punho (Gl 6.11), pois não queria deixar margem para os gálatas duvidarem da autenticidade da carta.,
2. Data da epístola.
Tem havido muita controvérsia quanto à data e destinatário dessa epístola. Há três possíveis datas, mas todas elas têm os seus "senões" — 49, 53 e 56 d-C. A seqüência de eventos é a seguinte: primeira viagem missionária, em seguida foi escrita a epístola aos Gálatas, depois ocorreu o concilio de Jerusalém e segue-se a segunda viagem. Isso nos dá subsídios para datá-la por volta de 49 d.C, e escrita da região entre Antioquia da Síria e Jerusalém.
Conteúdo de Gálatas
1. Tema.
Os expositores do Novo Testamento deram vários títulos à epístola aos Gálatas. Hoje ela é conhecida como: "a escritura da liberdade cristã, carta magna de emancipação espiritual, grito de guerra da Reforma, a grande carta da liberdade religiosa, declaração cristã de independência", além de outros. É a apologia da liberdade cristã, contra toda a forma de legalismo: A salvação é um ato da graça de Deus; somos salvos pela fé em Jesus (Gl 2.16). Acrescentar algo aí, como condição para salvação, descaracteriza totalmente o autêntico cristianismo revelado no Novo Testamento.
2. Gálatas e Romanos.
Gálatas e a epístola paulina que mais se aproxima de Romanos. Podemos apresentar cerca de 25 passagens paralelas entre essas epístolas, defendendo os mesmos ensinos (compare Rm 4.3 com Gl 3.6; Rm 4.10,11 com Gl 3.7). Ambas livraram o cristianismo de se tornar uma seita do judaísmo. Se Romanos foi o estopim que incendiou toda a Europa do século XVI, com a Reforma Protestante, Gálatas foi para Lutero a pedra fundamental usada contra a hierarquia e todo o ritualismo da Igreja Romana. Depois de Romanos, é o livro da Bíblia que exerceu mais influência na história do cristianismo.
3. Atualidade de Gálatas.
Como uma pequena carta, dirigida a uma comunidade cristã do primeiro século para resolver um problema local, pode continuar sendo documento atual no limiar do terceiro milênio para suplantar um mal de tantos séculos? É porque o perigo do legalismo sempre existiu e sempre existirá durante toda a história do cristianismo. Sempre foi do homem o desejo de conquistar a salvação por seus próprios esforços.
Concluindo
Por mais sincero que sejam os legalistas da Igreja da atualidade, devemos lembrar que os opositores contemporâneos do apóstolo Paulo, como muitos adeptos de seitas, vêm lutando contra a verdade do evangelho. Devemos tomar muito cuidado, pois, as aparências, formalismos, fanatismos, ritos e práticas legalistas não são características do cristianismo do Novo Testamento. Cristianismo é a religião da liberdade cristã para servirmos a Deus em espírito e em verdade e não religião de ritos.
Se os gálatas não fossem duramente corrigidos e continuassem a concordar e a praticar os ensinos dos judaizantes, o fundamento do evangelho desmoronaria. A fé em Cristo seria mais um dos passos da salvação e não o único. O evangelho em si mesmo seria deturpado (1.6-9). Paulo enxergou perigos ameaçadores diante da Igreja de Cristo em expansão. A insistência dos gálatas na observância de severas regras do judaísmo trariam efeitos colaterais. As distinções sutis entre os crentes inevitavelmente os arrastariam para: "fé em Cristo é bom, mas uma pessoa circuncidada que guarda a lei judaica... é muito melhor. Bem cedo, tais ensinos contagiaram dois estimados apóstolos, Pedro e Barnabé. Crentes circuncidados consideravam os não-circuncidados como cidadãos de segunda classe. A epístola aos Gálatas, então, é um golpe duro contra os perigos sutis que podiam perverter o evangelho e dividir a Igreja.
Bibliografia E. Soares
O legalismo é, conforme define o Dicionário Teológico, CPAD, a "tendência a se reduzir a fé cristã aos aspectos puramente materiais e formais das observâncias, práticas e obrigações eclesiásticas".
